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sexta-feira, 29 de março de 2013

Marginal

Sou carne retorcida
de água embebida
e ossos duros
de roer.

Sou palavra podre
"Poeta, não se intrometa"
-disseram os monges-
com as  mãos trêmulas
nas divinas escrituras.

Sou o olhar contemplando vivas estrelas
"Louco, não há vivas estrelas a contemplar"
-disseram os cientistas.

Sou marginal do pensamento
"Poeta"- disseram os não-poetas
"Você não sabe pensar".

Sou o amor de faz-de-conta
"Louco"-disseram os não-amantes
"Desse jeito não se pode amar".

Sou a tristeza na multidão
a felicidade da árvore única
a dor e a alegria
da imensidão que seria
vivência de misturas...
"Chega!"-gritaram os zumbis-
"Você não sabe viver
 é só mais um poeta".


 

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