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terça-feira, 18 de setembro de 2012

Casual

Sentidos
Sem sentido
Inteiração
Segredo
Magia
Medo
Da paixão
Do desfecho
Do enredo

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Prova do Laço( e da Alma).

Laçador
Laça o pescoço
Torce o dorso
Na arena
Sem dó
Nos lança
Ao pó
Do terror.

Laçador desumano
Somos quadrúpedes
Sentindo dor
Se temos alma?
Não sei
Mas é  certo
Não está ela
A alma
No coração desse moço!

 

sábado, 8 de setembro de 2012

Dilema

Olhos de azul-céu
Olhos de azul-mar
Brilham em foscas nuvens
Do meu eu
Ficar é
Render-me ao teu palpitar.

Olhos tristes
De distância e pesar
Partir é
Esconder-me em parco sorriso
No coração de te  amar.

sábado, 1 de setembro de 2012

Neura Transitória

    Passei na Avenida Brasil, do começo até a região dos Bancos. Pena, não eram bancos,
eram agências bancárias.Nossa cidade bem que precisava de mais bancos, mais praças,
mais gente. Gente sim, pois não vi gente passando, só instituições vestidas de gente, correndo para trabalhar, correndo para pegar o ônibus, correndo para chegar às 14:00 h, logo após o almoço, correndo para aproveitar a última bolinha verde do semáforo, correndo, correndo, correndo...
    No começo, próximo às farmácias( acho que a maior concentração de farmácias por metro quadrado do mundo. Será que estamos tão doentes?!), parecia que o trânsito fluiria normal, sem muitos carros. Só me incomodaram  aqueles "brum-brum...brum-brum" dos pneus passando sobre as grades das galerias pluviais. Meu filho chamava  aquilo de "barrrrrrr"; adorava o ruído, até que se encheu e passou a pedir  para desviar.
    Quando passei pelas lojas de produtos femininos que todas as cidades têm, os carros pareciam se amontoar como brinquedos de encaixe. Estiquei os olhos para ver se havia algum acidente, mas parecia ser uma passeata pedindo mais segurança. Semanas antes um comerciante morrera ali, assassinado por um assaltante.Fiquei triste de novo, relembrando o fato. Mas desviei e peguei uma transversal.Por alguns instantes me senti inseguro, como se fosse morrer dali a algumas quadras.Esqueci-me até da minha rota e do que precisava fazer. Voltei pela JK e me lembrei: Precisava passar numa livraria. Rodei uns quinhentos metros a mais e cheguei ao destino. Estacionando o carro percebi que não estava seguro. Talvez fosse só uma percepção exacerbada, não distorcida .Olhei no entorno procurando algum suspeito. Não havia um perigo iminente, mas todos eram suspeitos,até que eu  tivesse a  certeza de que ninguém me assaltaria antes de entrar no estabelecimento. Consegui estacionar  de primeira,ainda que o espaço fosse pequeno.Sorte que sei estacionar rápido, menos riscos...
       Entrei na livraria e fiquei pouco tempo, pois o que tinha a fazer era rápido. Antes de entrar no carro, de novo o olhar-360 , defensivo, intuitivo,preventivo. Já havia até deixado as rodas meio viradas para facilitar a saída. Esta se deu também de primeira. Acelerei e estava livre de novo de algum assaltante, ao menos até o próximo semáforo.
      Virei à esquerda no sentido Paraguai. Mais um semáforo.Olhar 360, corpo enrijecido, respiração um pouco mais rápida.Dessa vez uma tremedeira também me assolou. Um rapaz bateu no vidro vigorosamente, abaixou a cabeça, corpo colado ao carro, como querendo atravessar a porta numa atitude fantasmagórica. Em fração de segundo cogitei várias possibilidades, desde arrancar numa velocidade sem igual, escapando de um assalto, de um tiro ou de um sequestro relâmpago, até abrir um pouco o vidro e espirrar um spray paralisante que tinha comprado havia muito tempo.Esta hipótese me parecia razoável....vislumbraria, pelo vidro fumê, a sombra do bandido caindo grosseiro e continuaria a dirigir enquanto me acalmava.
     Não consegui avançar o semáforo, também não tive coragem de entreabrir o vidro. Um estado catatônico tomou conta do meu corpo. Paralisado, hesitei em encarar o rapaz que insistiu batendo no vidro com mais vigor. Não tive outra alternativa, por reflexo acabei olhando em direção ao seu rosto, esperando me deparar com uma pistola, um punhal, um pedaço de vidro...
À medida que virava meu rosto e meu olhar subia, minha respiração se tornava mais ofegante e o coração parecia saltar pela boca. Medo, muito medo tomara conta de mim.Ele tinha algo em sua mão direita, não consegui ver o que era, mas havia algo. A sua mão esquerda  que golpera o vidro. A direita deveria empunhar algo. Encontrei dois olhos verdes pequenos, caídos, tipo "olhar de peixe-morto",  cabelos crespos, encaracolados e...um sorriso largo, dentes bonitos e  brancos.Uma voz suave, quase rouca, logo quebrou o silêncio, erguendo a mão direita que trazia uma cesta de vime: -Bom dia, o senhor quer comprar chipa? É da boa!