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segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Água da Pedra

Amor que dói
não laça
o sorriso
é trapaça
é coração liso
só espinho no talo
sem flor
perde a graça.

Amor de verdade
é  alquimia
tremedeira
não só sede
de beijo
não só fome
de vaidade
é sentir-se o próximo
no jantar
para se embriagar
com a autofagia
felicidade.


Um grande amor
segue até sem sorriso
para além do universo
se preciso for...

Aquece almas frias
quase petrificadas
lambe feridas
das idas e vindas
sorve água da pedra
faz chuva do vapor.

domingo, 26 de agosto de 2012

sábado, 18 de agosto de 2012

Informação É Tudo.

Segui a Marlene.  Percebi que estava mesmo me traindo.
Ali mesmo liguei o pisaca-alerta, pus as mãos na cabeça pesada e tonta...
Um arrepio percorreu-me a espinha e as lágrimas saíram quentes. Estranhamante minha boca encheu-se de saliva e em seguida a náusea arremessou minha cabeça por entre os joelhos, mas nada aconteceu, exceto um grito surdo eructado de ódio e ressentimento, ecoando por todo o interior do fusca 69.
        Fiquei por alguns minutos encolhendo-me , sentindo frio, tentando entender o porquê de tal traição. "Meu Deus"-pensava- "tantos anos juntos e ela já se joga nos braços de outro. Justo quem? O Tatu, aquele magricela desengonçado, antipático,feio, ridículo. Que será que ela viu nele? Talvez ele tenha dinheiro, não precisa de mais nada. É isso, ela gosta de dinheiro".Mas o cara era pé-rapado feito eu, que eu sabia. A não ser que a família fosse rica. "Só poderia ser..."
      Enxuguei minhas lágrimas com ódio de mim por ter chorado.Espirrei várias vezes , pois o movimento dos meus pés no assoalho do carro fez a poeira se mexer. Fiquei com mais raiva ainda. Sempre tive raiva de ser alérgico. Qualquer poeira e...
     A história já era outra, era vingança. Uma sede de me vingar dos dois tomava conta de mim. Rodei de carro por duas horas, parei no posto para abastecer e fazer um xixi. Pensei em tomar uma cerveja, mas hesitei e logo desisti. Uma cerveja leva à outra e eu precisava estar sóbrio para programar a minha vingança. O Tatu estudava com a bisca; eram unha e carne.Fazinham até trabalhinhos juntos e o escambal. As coisas começavam a clarear. E a turma toda pensava que ele era viado. Hã, viado, um filho da puta , isso sim. Fez-se de cordeirinho, de amiguinho, e na verdade tava papando a minha mina. Lazarento, viado, cachorrro, desgraçado. Fiquei tão irado, que já não pensava direito.No dia anterior ela havia estado comigo, aquela biscate. E assim, na carda dura, no centro da cidade, saindo da confeitaria que a gente sempre ía juntos. Ainda se tivéssemos brigado, se tivesse um motivo, mas...nada, assim do nada. Voltei até onde havia visto os dois , como querendo voltar ao local do crime, mas de outra pessoa, ou de outras, eles próprios. Eis que, não , não poderia ser, o carro do Tatu, de novo estava lá. Que saco, que seria?, Tomaram um sorvetinho e voltaram para uma tortinha do caralho agora?!. Não aguentei, estacionei o carro atrás do dele, aliás dei uma encostada legal no para-choque dele. Encostada não, bati mesmo. Até amassou um pouco,...bastante.   
       Saí do carro bufando , disposto a ...sei lá, dar uma porrada nos dois, dizer um monte de merda...Bati a porta do meu carro tão forte , que o vidro estilhaçou.  Entrei na confeitaria e nada de ver os dois filhos da puta. Fui mais para o fundo, onde havia uma porta tipo bar de cowboy, vai-e-volta. Entrei com o pé dando porrada .A porta da direita voltou primeiro e bateu no meu braço, que eu havia  colocado logo a frente. A outra pegou direto na minha fuça. Senti que ao menos um dente tinha ido pro espaço, mas fechei a boca, estava bravo , muito bravo. E de súbito, enxerguei, meio que embaçado, a Marlene, o Tatu e uma porrada de gente conhecida que olharam para mim com uma cara estranha, uma mistura de pena e alegria e começaram a gritar todos juntos: "Parabéns pra você, nesta data querida...."
       Comi o bolo misturado com o sangue que tinha saído dos  meus dois  dentes, ou o que tinha  sobrado deles. Pedi desculpas ao Tatu. Ah, ele era viado mesmo, o namorado dele até tava lá. E a Marlene, bom , coitada da Marlene, nunca mais vai querer fazer surpresa no meu aniversário. E eu tô fazendo aulas com um maluco lá do bairro, pra ver se melhoro da minha memória e não esqueço mais as datas.
Meu aniversário eu já não esqueço, mas o da Marlene...o da Marlene...caramba, acho que não vou mais gastar com aula porra nenhuma. Vou aprender a usar a agenda eletrônica!
     

sábado, 11 de agosto de 2012

Miragem Noturna.

Preciso de um amor
sedento  que traga
em sua aura
a esquiva da dor.

Que minha alma afague
 o sol busque para perto e
 não esgote o néctar da flor.

Preciso de um amor que faça
mais que um poema
ou uma música qualquer.

Preciso só daquela mulher
aquela dos sonhos embebidos
em saudades e verdades
que sequer ainda sonhei.

Preciso de um papel em branco
raso
que engula  minhas lágrimas negras
e meu sorriso vago.

Preciso da água do mar
a mesma que beijou sua pele
e que lave todo o meu pesar.

E no devaneio
molhado me dispo
de pudores e vestes
deleito-me nas ondas da lembrança
dessa pura fantasia.

Meus sorrisos, decido,
serão sonoros
quase gargalhadas
se eu a encontrar.

Preciso do seu olhar doce na onda
salgada e arenosa...
Preciso de você na praia da noite-lua-música
de tantos verões, invernos e ausências.