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domingo, 15 de janeiro de 2012

Morte recorrente

A casa estava escura, tv fora do ar,
na verdade uma quitinete, pequena e imunda.
Via-se somente um pequeno abajur ao fundo.
A torneira do banheiro pingava
... e o odor de urina misturava-se com o de jasmim.
A mesinha redonda sustentava um vaso
que, em forma de ampulheta,
abraçava a flor, linda e nova.
Um copo de cachaça caído ao chão
rachara e transformara-se em dois cacos.
Pedro, estendido no sofá, ainda sangra:
Grave ferimento no coração.
Morrerá em poucos segundos,
sozinho, como sempre, às três da manhã.
Todas as madrugadas ele morre assim.

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