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quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

CASA DE AVÓS



Somente a cadeira velha na sala:
madeira marrom,desbotada,
encosto estreito e pés angulados.
O entardecer deixa passar a aura do horizonte
 pelas cortinas rasgadas de um tecido secular.
O assoalho, também de madeira ,só não range
porque não há quem o pise. Fantasmas flutuam...
As lembranças ficam em algum lugar entre o lampião
e as paredes de tábuas e balaústres cor-de-palha.
A pequena janela com quadrículos brancos, envidraçados,
alguns vidros quebrados, quase deixa uma pomba entrar.
O odor é uma mistura de óleo de peroba, vela e mofo.
Vez ou outra uma pessoa passa na calçada,
sem atenção, nem percebendo a casinha velha.
Outros cômodos já não existem. Só a sala
e os fantasmas que nela flutuam.
Não conseguem pisar o chão,
nem sentar na cadeira. Mas ainda sentem o cheiro
dos jasmins, das rosas e do passado feliz...
E todos os dias contemplam o lindo entardecer
que insiste em atravessar a janela.

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