Eram cinco da manhã. Elza e Tereza encontram-se no ponto de ônibus.
O morro parecia calmo nesse sábado. Trocaram algumas palavras e sentaram-se.
O ônibus não chegava e o sol já estava alto.
Descobriram que havia greve dos motoristas por melhores condições de segurança,
assim, de última hora.
Resolveram faltar ao trabalho. Não era culpa delas.
A praia ficava a dois quilômetros. Decidiram caminhar, tomar água do coco,
enquanto fofocavam coisas da empresa.
A praia começou a lotar. Talvez muitos trabalhadores
pensaram o mesmo que Elza e Tereza: pegar uma praia.
Estavam elas de bermuda e camiseta, ambas soltas e leves, mas
biquini teria sido melhor.
Das três águas de coco, passaram a cinco cervejas e dois baseados.
Voltavam já à tardinha, entre piadas e gargalhadas, com hálitos misturados.
Sorte que comeram duas porçoezinhas de frituras e uma deliciosa torta de abacaxi.
Assim o estômago não chiaria tanto. Além disso , tinham chicletes na bolsa,
para o caso de encontrarem seus namorados, funcionários da polícia e
protetores do bairro nas horas vagas. Eles só chegavam depois das oito da noite.
Daria tempo até de tomar banho, escovar os dentes, passar um perfume importado e
vestir aquela roupa cara, presente do último Natal.
Quando estavam bem perto de casa ,depararam-se com uma guerra franca no morro.
Deram meia-volta, foram tomar sorvete e pegar um cinema. Não havia o que fazer.
Ambas moravam sozinhas, cada qual em seu pequeno e humilde barraco.
A hora era de fugir e sobreviver. Foram ver Tropa de Elite-2. Dessa vez conseguiram pegar
uma besta-lotação. A greve dos motoristas de ônibus continua.